Durante uma aula esta semana, surgiu a discussão dos
trabalhos em grupos dos alunos tanto de arquitetura quanto de design de
Interiores, qual real função destes trabalhos? Diminuir a quantidade, detalhar
mais o trabalho devido ao número de pessoas? Questionamento que não vem a caso
quando o objetivo comum do processo é o próprio “processo”. Ao discutirmos com o
outro referencias de nossos projetos acabamos por ampliar, ou mesmo evoluir em
nossos pensamentos arquitetônicos, estudos, croquis, e muitas vezes não vejo
isso acontecer, se os alunos soubessem a importância que é a discussão, com boa
fundamentação, os trabalhos poderiam ser muito mais ricos, pois haveria muito
mais experiências e impressões reunidas.
Lendo ainda esta semana um artigo de Toyo Ito, discorrendo
sobre arquitetura e seus processos, no Archdaily (2017), um ponto importante
que ele recomenda aos alunos estudantes de arquitetura é exatamente a discussão
entre eles, Toyo (2017) afirma que com a internet, a facilidade de se obter
toda informação necessária, acaba por não existirem mais discussões, os alunos
não querem discutir entre eles as funcionalidades ou seja qual for a temática do
projeto, tornando isso um grande problema.
Toyo Ito: Sendai Mediathique. Fonte Archdaily (2017)
Para a arquitetura deve haver a troca de informações, ou mesmo
entender pontos de vistas diferentes que por costumes, ou mesmo culturas diferentes
não consigamos enxergar. Esta falha acaba por prosseguir na vida profissional
de muito arquitetos, o que sempre acaba levado a fama de egocêntricos e
individualista, e a briga por egos surge exatamente esta fase, cada um quer
realizar um projeto mais brilhante que o outro, mas o objetivo o qual presume-se
a arquitetura não é o “elaborar o espaço para o outro” ou outros? Com essa
premissa vai por agua abaixo a questão
das discussões.
Hoje qualquer projeto pode ser elaborado com uma boa
fundamentação, temos a internet, sites e mais sites que demostram exemplificam,
projetos prontos para utilizarmos nos estudos de caso exatamente tudo, para que
então vou escutar ou discutir, faço tudo sozinho, sério? Estão perdendo o melhor
da arquitetura, a discussão, a interação, que é o fundamental, afinal, em
qualquer arquitetura pessoas estarão ali, e novamente citando Toyo ito,
arquitetura deve prover espaços que aguçam os sentidos.
Desta temática podemos
citar também a questão das visitas técnicas, que utilizamos como referências
nos projetos, onde também já escutei de alunos, que não precisam ir no local do
estudo de caso, já pegaram tudo na internet, todos os maravilhos exemplos, é
valido? Como perceber um pé direito duplo de 8 metros, as ventilações, a
entrada de luz, ou mesmo o clima, como aguçar nossos sentidos se não estamos
lá? Quando conheci o projeto do MAC em Niterói de Niemeyer, havia acompanhado
fotos da construção, do desenvolvimento do projeto, maravilhoso, mas nada se
compara a sensação de estar lá, visualizar por aqueles imensos panos de vidro a
maravilhosa cidade ao fundo e ver o mar bater nas rochas, espetacular, indescritível
sensação. Citei apenas um dos milhares locais que não devem ser vistos apenas
por fotos e sim senti-los para aguçarmos nossos sentidos.
Projeto: Toyo Ito, Biblioteca da Universidade de Artes de
Tama . Fonte Archdaily (2017)
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